A Linha do Douro
Inaugurada em 1875.
Considerada uma das obras-primas da engenharia ferroviária portuguesa e uma das ligações mais importantes da rede ferroviária nacional, a Linha do Douro, que desde cedo após o inicio da construção assume vocação internacional, é hoje uma ligação regional que serve os distritos do Porto, Vila Real, Bragança, Viseu e Guarda, e que, atualmente, liga o Porto ao Pocinho, ao longo de mais de 170 quilómetros.
A sua construção teve como objetivo romper o isolamento regional dado que, à época, a mobilidade dependia de estradas em más condições e da difícil navegação pelo Douro e assegurar o transporte de pessoas e mercadorias, particularmente o vinho. A começar em Ermesinde, concelho de Valongo, a sua construção iniciou-se em 1875, com o comboio a chegar à Régua apenas quatro anos mais tarde. Em 1880 foi a vez da vila do Pinhão, localidade servida por uma das mais belas estações ferroviárias de Portugal. Inicialmente, estava previsto que o comboio se ficasse pelo Pinhão, mas por pressão de D. Antónia Ferreira e da burguesia e praça financeira portuense, a linha foi prolongada até Espanha.
A conclusão da Linha do Douro dá-se em 1887, quando o troço entre Barca d´Alva, La Fregeneda e La Fuente de San Esteban ficou operacional até Salamanca, consumando-se a terceira ligação ferroviária internacional, para melhor ligar o Porto com o resto da Europa, e também a Madrid. Até 1988, a linha em exploração no território nacional tinha cerca de 200 quilómetros de extensão. Com o encerramento do troço entre Pocinho e Barca D´Alva a linha passou para os atuais 172 quilómetros, servidos por 37 estações e apeadeiros.
Grande parte do traçado segue, lado a lado, com o rio Douro. O comboio serpenteia a mais antiga região vinícola demarcada do mundo, proporcionando aos passageiros uma experiência multissensorial, que caracteriza de forma ímpar uma região que é Património da Humanidade desde 2001. É, sobretudo, a partir do sobranceiro apeadeiro da Pala e em direção à Régua, Tua e Pocinho, que se começa a “sentir” de forma crescente o Vale do Douro. À janela das carruagens vislumbram-se os socalcos vinhateiros que desenham a paisagem do Douro Vinhateiro - colorida por quintas e localidades que se avistam ao longo do trajeto -, mas que altera para uma versão mais agreste e rochosa na aproximação ao Tua. A partir da Ferradosa, e até ao Pocinho, a linha deixa a marquem direita do rio e passa para a margem esquerda.
A Linha do Douro, para além de unir atualmente dois Patrimónios da Humanidade – o Centro Histórico da Cidade do Porto e o Douro Vinhateiro –, permite uma das mais prazerosas formas de conhecer o interior norte de Portugal. O comboio atravessa o território da Rota do Românico, na sub-região do Tâmega e Sousa, bem como as três sub-regiões associadas à produção do vinho no Vale do Douro: Baixo Corgo de Barqueiros à Régua, Cima Corgo da Régua ao Tua e Douro Superior do Tua a Barca d´Alva.
Atualmente, esta via férrea é servida pelos serviços Urbanos até Marco de Canaveses, Regional e InterRegional da CP, bem como pelo serviço turístico do Comboio Histórico do Douro.