De comboio até à Guarda

“Muito me tarda, o meu amigo na Guarda”. Por Tatiana Albino

Os versos saídos da pena de D. Sancho I, o fundador da cidade da Guarda em 1199, deixam adivinhar os encantos que a cidade pode ter para  fazer tardar quem a visita. 

No alto dos 1.056 m de altura, a cidade recebe os ares frios da Serra da Estrela. Os guardenses não estranham, estão habituados. Mas não os acusem de ser frios, recebem bem, partilham bons petiscos e estão sempre prontos a contar uma história.

Dos F's que o poeta Júlio Ribeiro usou para descrever a Guarda: Farta, Fria, Fidalga e Feiticeira, apenas restam dois. “Farta”, pelas terras férteis que a rodeiam, “Fria”, pelo abraço que recebe da Serra da Estrela. 

Ao longo dos tempos conquistou F's diferentes. “Fiel”, pela recusa histórica do alcaide-Mor do castelo em entregar as chaves ao Rei de Castela. “Forte”, pelos seus edifícios fortificados e “Formosa”, pela sua beleza. 

A cidade, banhada pelo sol poente, torna o Inverno acolhedor e basta um olhar mais atento para encontrar uma inspiração de granito para nos maravilhar. Olhamos à nossa volta e quase sentimos a mística de outros tempos que esta cidade esconde a cada esquina. 

Não é difícil perder a noção das horas enquanto se passeia pela Guarda. Sem muito esforço, encontramos o ex libris que coroa a cidade: a Sé. Sonho de casamento de princesas, momumento e casa de comunhão. 

A Sé da Guarda faz-nos olhar para o céu. Crentes ou não crentes, a sua imponência conquista qualquer um. Erguida no reinado de D. João I, no século XIV, a Sé é a prova de que a idade é um posto. Quem nunca ouviu dizer "é mais velho do que a Sé da Guarda!"?  Podem-na apelidar de velha, mas a sua beleza e importância não podem ser negadas. 

A Guarda é uma cidade a 3 dimensões, em que as subidas e descidas fazem parte de quem vai e vem.  Mas são os sons, os aromas e a envolvência das montanhas que a rodeiam que lhe trazem a mística da Beira Alta. 

Veja aqui as fotos que completam o roteiro.